Irmã Porto

IRMÃ PORTO

Nasceu na cidade de Aracati, estado do Ceará, no dia 10 de maio de 1919, filha de Raimundo da Silva Porto e Maria Cavalcante Soares Porto. Iniciou seus estudos em Aracati e deu continuidade em Fortaleza onde a família passou a residir. Aos 18 anos de idade fez o sacrifício de deixar a família a quem sempre dedicou grande e sincero amor. Escutando o chamado de Deus a quem consagra toda a sua vida, ingressou na Companhia das Filhas da Caridade de São Vicente de Paulo para servir os pobres – os mais pobres e abandonados. E ela mesma costumava dizer: “para mim, foi muita dura a separação de meus queridos pais e irmãos e, ainda hoje, este sacrifício me custa muito, mas ofereço a Deus”.

casa do menino
casa do menino

Depois do noviciado, feito na Casa Provincial das Filhas da Caridade de São Vicente de Paulo, no Rio de Janeiro – RJ, Irmã Porto foi enviada pelos Superiores Provinciais, em 1940, para exercer sua missão de Filha da Caridade no Instituto São Vicente de Paulo, Campina Grande – PB, onde funciona uma escola para crianças empobrecidas e que presta serviço a idosos verdadeiramente carentes. Como era uso na época e por simbolismo bíblico, recebeu o nome de Irmã Bernadete Porto.


Sempre disposta para o trabalho exigente de uma Instituição totalmente a serviço dos pobres, Irmã Bernadete exerceu várias atividades, inclusive a de contatar os amigos e benfeitores da Casa. Tornou-se logo muito conhecida e, porque não dizer, apreciada pelo seu jeito tão vicentino de advogar a causa dos pobres, seus “Mestres e Senhores”, na expressão de São Vicente de Paulo. Em 1953, por indicação dos Superiores Provinciais e aprovação de suas co-irmãs, assumiu a coordenação geral da referida Comunidade das Irmãs e todos os serviços existentes.


Ampliações, reparações e melhorias físicas foram realizadas por Irmã Porto, que empregou todas as energias e dons do coração a serviço desses pobres, pois São Vicente recomendava às suas filhas espirituais: “o pobre é Jesus Cristo”. O Instituto São Vicente de Paulo projetou-se no cenário campinense pelos seus bons serviços educacionais e sociais a ponto de em 1958-1959 uma equipe de Professores Universitários idealizar a criação de uma Faculdade de Serviço Social e só viram a Irmã Porto para assumi-la na construção e administração, dada a sua vasta e segura experiência no campo social.


Com autorização dos Superiores Provinciais, Irmã Porto assumiu mais esta responsabilidade. Até 1967 essa Faculdade ficou sob a administração de Irmã Porto e foi uma Instituição Educacional que se projetou em Campina Grande pela formação humano-cristã dos Assistentes Sociais que, ao deixarem a Faculdade, logo encontravam emprego no mercado de trabalho. Atualmente esta Faculdade é incorporada à Universidade Estadual da Paraíba.


Em 1968, Irmã Porto é designada pelos Superiores para assumir a administração da Faculdade de Enfermagem Nossa Senhora das Graças, em Recife – PE, pertencente à Companhia das Filhas da Caridade, naquela época, em situação difícil no aspecto financeiro.


Depois de muito estudo e reflexão feitos com os alunos e professores sobre a situação da Faculdade, a equipe coordenada por Irmã Porto chegou à conclusão de incorporá-la à Fundação de Ensino Superior de Pernambuco – FESP, atualmente Universidade Estadual de Pernambuco. Irmã Porto assumiu mais esta responsabilidade sempre visando o bem maior do próximo.


Em 1970, é nomeada pelo Conselho Geral da Companhia, com Sede em Paris – França, Vice-Provincial das Filhas da Caridade da Província do Recife. Sua ação se amplia, agora co-responsável pelas Irmãs de seis estados do Nordeste: Rio Grande do Norte, Pernambuco, Paraíba, Alagoas, Sergipe e Bahia.


Mas é em 1972 que ela assume a maior responsabilidade como Filha da Caridade, sendo então nomeada, pelo Conselho Geral da Companhia, Provincial das Filhas da Caridade da Província do Recife. Tornou-se, pois, animadora espiritual e orientadora administrativa das quarenta Casas de Irmãs espalhadas nos seis estados da Província. E o objetivo primordial de sua ação foi o de animar as Irmãs no trabalho promocional aos pobres e aos mais abandonados, vendo neles o próprio Jesus Cristo, vivenciando, portanto, a máxima evangélica: “o que fizerdes ao menor dos meus e a mim que o fareis”.


Em virtude desse seu serviço de Provincial, participou da Assembléia Geral e Encontros da Companhia realizadas em Paris – França e Roma – Itália.


Após seis anos, terminado este seu serviço, foi enviada para a Casa do Menino em Campina Grande – PB, totalmente a serviço das crianças e adolescentes empobrecidos, onde encontram todas as condições para se tornarem cidadãos construtores de uma sociedade mais justa e mais solidária através de seu trabalho honesto e vivência cristã.


Sua volta para esta cidade foi motivo de alegria para os antigos amigos que lhe outorgaram o título de: “Cidadã Campinense”, a fora outras medalhas de Honra ao Mérito que lhe foram oferecidas, tudo em virtude de sua doação plena aos empobrecidos, muitos dos quais venceram as barreiras das injustiças sociais e têm um lugar digno nesta sociedade competitiva e desumanizada.


Na Casa do Menino, Irmã Porto, como árvore frondosa, acolheu o pobre e o rico com a mesma dignidade e respeito, pois tinha irrestrita convicção de que todos foram criados “à imagem e semelhança de Deus.


Nossa querida Irmã Porto foi hospitalizada no dia 08 de dezembro de 2007 (dia da festa da Imaculada Conceição de Maria), às 9 horas da manhã com problemas respiratórios, vindo a falecer.


Após os preparativos necessários, seu corpo foi trazido para a Capela da “Casa do Menino”, ficando toda a tarde e noite do domingo e também no dia seguinte, segunda-feira, dia 10 de dezembro.


Vieram numerosos amigos e amigas, religiosas, autoridades governamentais: Governador, Prefeito, deputados, e vereadores, membros de sua família que vieram de Fortaleza-CE onde residem, nossas crianças e adolescentes com seus familiares, muitas outras pessoas e uma multidão de pobres. Foi marcante a presença da Irmã Silvia Maria de Oliveira Mota, Provincial, e Irmãs de muitas Casas da Província, mesmo de outros estados, representando suas comunidades. E das casas que não vieram Irmãs, enviaram mensagens fraternas e de gratidão.


Também enviaram mensagens os amigos(as) e benfeitores(as) distantes: de vários outros Estados e da Holanda, Alemanha, Bélgica e Estados Unidos.


A imprensa local, falada e escrita, esteve presente na pessoa de seus representantes, que em reportagens enalteceram o trabalho promocional com os pobres de Irmã Porto e a sua humildade.


Com a presença numerosas de participantes, foi celebrada a Missa de “Corpo Presente”, celebrada por Dom Jaime Vieira da Rocha, Bispo de Campina Grande – PB, Mons. Lourildo, Pe. Ribamar, de João Pessoa, Pe. Assis, Reitor do Seminário Diocesano de Campina Grande – PB, Pe. Hermes, Vigário da Paróquia de Santo Antônio, Pe. Assírio, Vigário da Paróquia de Nossa Senhora de Fátima, Pe. Romuloaldo, Vigário da Igreja das Malvinas, e um Padre Beneditino.


Chegando no local do enterro – Túmulo das Irmãs de Caridade” houve despedidas com cantos num clima de verdadeira oração. E um grande amigo e benfeitor, Dr. Roberto da Silveira Figueiredo, fez oralmente a sua despedida, da qual citamos o seguinte trecho: “Não intenciono aqui homenagear Irmã Porto com simples palavras. Que, por felizes que fossem, sempre teriam insignificante importância diante da imensa homenagem que ela fez a si própria, com a sua vida e com a sua obra. Rogo que minhas palavras tenham apenas o sentido de oração por ela e do sentimento de saudade e sobretudo de gratidão, não só meu, mas contido no coração, não de dezenas, mas de centenas e milhares que espalhados não só por Campina Grande – PB, mas pelos quatro cantos de nosso mundo, e que, muito mais necessitados, tiveram outra chance de vida, graças à sua obra tão fiel aos sonhos e idéias das Irmãs Vicentinas”.